sábado, 10 de abril de 2010

Pitty



♪) Me adora.

- Tantas decepções eu já vivi aquela foi de longe a mais cruel.
- Um silêncio profundo e declarei: “Só não desonre o meu nome.
- Você que nem me ouve até o fim injustamente julga por prazer.
- Cuidado quando for falar de mim e não desonre o meu nome.
- Será que eu já posso enlouquecer? Ou devo apenas sorrir?
- Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir que você me adora que me acha foda.
- Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora que me acha foda.
- Perceba que não tem como saber são só os seus palpites na sua mão.
- Sou mais do que o seu olho pode ver então não desonre o meu nome.
- Não importa se eu não sou o que você quer não é minha culpa a sua projeção aceito a apatia, se vier.

♪) Admirável chip novo.

- Pane no sistema, alguém me desconfigurou.
- Aonde estão meus olhos de robô?
- Eu não sabia, eu não tinha percebido, eu sempre achei que era vivo.
- Parafuso e fluído em lugar de articulação.
- Até achava que aqui batia um coração.
- Nada é orgânico, é tudo programado.
- E eu achando que tinha me libertado, mas lá vem eles novamente.
- E eu sei o que vão fazer reinstalar o sistema.
- Pense, fale, compre, beba,leia, vote, não se esqueça.
- Use, seja, ouça, diga,tenha, more, gaste e viva.

♪) Equalize.

- Às vezes se eu me distraio, se eu não me vigio um instante.
- Me transporto pra perto de você, já vi que não posso ficar tão solta.
- Me vem logo aquele cheiro, que passa de você pra mim num fluxo perfeito.
- Enquanto você conversa e me beija, ao mesmo tempo eu vejo as suas cores no seu olho, tão de perto.
- Me balanço devagar, como quando você me embala o ritmo rola fácil parece que foi ensaiado.
- E eu acho que eu gosto mesmo de você, bem do jeito que você é.
- Eu vou equalizar você numa freqüência que só a gente sabe.
- Eu te transformei nessa canção, pra poder te gravar em mim.
- Adoro essa sua cara de sono, e o timbre da sua voz, que fica me dizendo coisas tão malucas.
- E que quase me mata de rir, quando tenta me convencer que eu só fiquei aqui porque nós dois somos iguais.
- Até parece que você já tinha o meu manual de instruções.

♪) Mascara.

- Diga, quem você é me diga, me fale sobre a sua estrada me conte sobre a sua vida.
- Tira, a máscara que cobre o seu rosto, se mostre e eu descubro se eu gosto do seu verdadeiro, jeito de ser.
- Ninguém merece ser só mais um bonitinho, nem transparecer, consciente, inconsequente.
- Sem se preocupar em ser adulto ou criança o importante é ser você.
- Mesmo que seja estranho, seja você, bizarro.
- O meu cabelo não é igual, a sua roupa não é igual, ao meu tamanho, não é igual ao seu caráter, não é igual.

♪) Déjà vu.

- Nenhuma verdade me machuca, nenhum motivo me corrói até se eu ficar só na vontade, já não dói.
- Nenhuma doutrina me convence, nenhuma resposta me satisfaz nem mesmo o tédio me surpreende mais.
- Mas eu sinto que eu tô viva a cada, banho de chuva que chega molhando meu corpo.
- Nenhum sofrimento me comove, nenhum programa me distrai eu ouvi promessas e isso não me atrai.
- E não há razão que me governe, nenhuma lei prá me guiar eu tô exatamente aonde eu queria estar.
- A minha alma nem me lembro mais em que esquina se perdeu ou em que mundo se enfiou.
- Mas já faz algum tempo, mas eu não tenho pressa.
 
♪) Memórias.
 
- Eu fui matando os meus heróis aos poucos, como se já não tivesse nenhuma lição pra aprender.
- Eu sou uma contradição e foge da minha mão.
- Fazer com que tudo que eu digo faça algum sentido.
- Eu quis me perder por aí fingindo muito bem, que eu nunca precisei de um lugar só meu.
- Memórias, não são só memórias, são fantasmas que me sopram aos ouvidos coisas que eu nem quero saber.
- Eu dou sempre o melhor de mim, e sei que só assim é que talvez se mova alguma coisa ao meu redor.
- Eu vou despedaçar você, todas as vezes que eu lembrar por onde você já andou sem mim.

♪) Pulsos.

- E um dia se atreveu a olhar pro alto, tinha um céu mas não era azul.
- No cansaço de tentar, quis desistir, se é coragem eu não sei.
- Tenta achar que não é assim tão mal, exercita a paciência.
- Guarda os pulsos pro final, saída de emergência.
- E um dia desistiu, quis terminar, só mais um gole, duas linhas horizontais.
- Sem a menor pressa, calculadamente, depois do erro, a redenção.
 
♪) Teto de vidro.
 
- Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra.
- Andei por tantas ruas e lugares, passei observando quase tudo.
- Mudei, o mundo gira num segundo, busquei dentro de mim os meus lares.
- E aí, tantas pessoas querendo sentir sangue correndo na veia.
- É bom assim, se movimenta, tá vivo, ouvi milhões de vozes gritando.
- E eu quero ver quem é capaz de fechar os olhos e descansar em paz.
- Na frente está o alvo que se arrisca pela linha.
- Não é tão diferente do que eu já fui um dia, se vai ficar, se vai passar, não sei.
- E num piscar de olhos lembro tanto, que falei, deixei, calei.
- E até me importei mas não tem, nada, eu tava mesmo errada.
- Cada um em seu casulo, em sua direção, vendo de camarote a novela a vida alheia.
- Sugerindo soluções, discutindo relações.
- Bem certos que a verdade cabe na palma da mão.
- Mas isso não é uma questão de opinião.
- E isso é só uma questão de opinião.
 
♪) Brinquedo torto.
 
- Esqueci as regras do jogo, e não posso mais jogar.
- Veio escrito na embalagem, use e saia prá agitar.
- Vou com os outros pro abate, o meu dono vai lucrar.
- Seja cedo ou seja tarde, quando isso vai mudar?
- Não me diga: eu te disse, isso não vai resolver.
- Se eu explodo o meu violão, o que mais posso fazer?
- Isso é tão desconfortável, me ensinaram a fingir.
- E se eu for derrotado, nem sei como me render.
- E eu me vendo como um brinquedo torto.
- E eu me vendo como uma estátua.

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